3 de novembro de 2014

O incêndio de Persépolis.



Na Pérsia persegues a ténue penugem da história.
É como a alegria:
uma camada do mundo tão densa e prenhe
e dura, dura apenas um dia.
Fardas, a antiga unidade de medida de Pasárgadas,
uma hora de marcha das tropas persas,
é mais do que a distância entre ontem
e o começo desta madrugada sem memória.
Acumulado em cada bairro da cidade,
o tempo passado espera calado. Preso. Emboscado.
Alexandre, o Grande, a arder em Persépolis,
isso, sim, seria um projecto: inverosímil, mas necessário;
tanto quanto quebrar a prisão do presente.
Sair caminhando deste lago de ausências,
desta razão instantânea.


(Persépolis, 26 de Outubro de 2014)

1 comentário:

Anónimo disse...

horizonte largo, a palavra densa.
magníficos estes monstros!
Mab