há imensos lugares da Terra
onde já não podemos voltar
as linhas férreas continuam lá
e os vagões sobre elas deslizando
cumprindo ou não os horários primitivos;
as águas dos mares oceanos
ainda não se evaporaram completamente
e nem todos os navios naufragaram;
nos céus entre mísseis ainda há ar
e nos aeroportos restam fronteiras
onde os afortunados podem atravessar –
persiste, pois, a possibilidade teórica da viagem
mas nenhum transporte é tão poderoso
que possa levar um humano a um vulcão de vazio
e a Terra é hoje uma crosta de chamas:
onde antes vivemos vidas diversas
onde longe da casa materna encontrámos habitação
de onde trouxemos oxigénio e pão
hoje só existe distância mudez e solidão
onde já não podemos voltar
agora que todos os caminhos foram tomados
pelos bárbaros aquartelados nas nossas mentes
há imensos lugares da Terra
onde estamos todos a morrer e nem sabemos
25 de junho de 2025