19 de setembro de 2014
Baçaim II
Hoje é Domingo e todas estas capelas católicas vazias,
cidadela e conventos plenos de flora e silêncio exuberantes,
envoltos em verdes vários indiferentes
às visitas esporádicas de portugueses ainda errantes.
O que se visita nesta cidade é a longa partida permanente
na forma de abandono total, físico, metafísico e mítico,
que só a conspiração conjunta de cultura e natureza
alcança inscrever em lugares concretos.
Tantas casas bombardeadas pela história;
falam-nos na linguagem gestual dos mudos
sem interferir em conversa alguma
deste subcontinente de centenas de línguas humanas.
As casas perdidas falam e eu sinto
a estranheza da pura emoção estética:
sem um pingo de saudade
ou patriotismo
ou marca de pertença.
(do ciclo da Índia)
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