(com Cinthia Marcelle em Serralves)
Chegámos ao tempo em que 3 segundos te parecem tempo demais para ouvir uma palavra nova, como um passo em falso para onde vais empurrado violentamente e de surpresa.
Chegámos ao tempo em que não suportas os 3 segundos que os teus olhos pedem para processar o escuro e o teu cérebro trabalha em todos os vectores para retomar a navegação.
Chegámos ao tempo em que 3 segundos de espera são um preço demasiado alto e incompreensível por um encontro com um desconhecido vindo de longe, com outra língua e outra tribo na bagagem.
Chegámos ao tempo em que tomas 3 segundos a entender que ninguém é profeta na sua própria terra, que é o tempo que demoras a ponderar a missão de converter quem quer que seja a um credo qualquer.
Eis-nos aterrados no tempo em que 3 segundos é todo um ciclo de expectativas, avançando e recuando entre o declive ascendente do desejo e o fim do sopro e a desilusão.
Este é o tempo deserto em que alguns costumes das pedras se perderam na voracidade da moral dominante.

Sem comentários:
Enviar um comentário