22 de setembro de 2017

aldeia zoroastra







Postado perante uma civilização morta
nessa qualidade inóspita de visitante
a ruínas mais ou menos remontadas
pela imaginação arqueológica dominante,
não é o pó que me incomoda
nem as tantas pedras dispostas que ninguém
verdadeiramente sabe o que são ou serviam
nem a atenção dos leigos desviada
por ilustrações modernas arriscadas,
especulativas –

incomoda-me a própria visitação :
ninguém está tão morto como naquele momento
em que começam a chegar as visitas
desfilando ordenadamente aos nossos pés
olhando-nos com a curiosidade da última vez
facilmente confundível com a volúpia do primeiro encontro.
Visitamos civilizações mortas e, como num velório,
honramos tudo
o que não fizemos em vida.
Pode ser tarde para aprender com Zaratustra.

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