8 de fevereiro de 2017
Da amorosa morte
Magoa esta impossibilidade práctica de morrer.
Uma companhia de anjos e arcanjos amarra-me
a uma armada de máquinas ignaras
e tantos em meu nome falam e por mim advogam
e eu preso no silêncio próprio contemplo o meu corpo
de longe. Visto pelos meus olhos, estou agora cercado
num castelo terapêutico. Continua tenaz a pintura
a branco imaculado das muralhas e eu silêncio.
Silêncio e vontade de silêncio. Seguir o caminho.
Vontade de seguir caminho além desta estação.
Preso peço-te despede-te de mim e fica e em paz parto
por tudo o que fomos um para o outro sem erosão tardia.
Por tudo o que seremos ternamente no instante possível
sem delapidar em obstinação o que tanto amamos.
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