17 de março de 2013

[Aproxima-se uma tempestade de silêncio]




Aproxima-se uma tempestade de silêncio.
As palavras e as bocas desencontraram-se
na poeira do mundo. A única aresta do tempo
onde passados e futuros se encontram,
a tua carne, arde. Essa linha arde, desde esta tarde,
na recusa da tua memória. Há uma terra
repleta, há uma terra deserta
e entre uma e outra um oceano de bocas
fervilham pelo mundo sem que nada aconteça.
Aproxima-se uma tempestade:
sobre esta colina onde vivo abate-se um alvoroçado
silêncio. Palavras e bocas tresmalhadas
tapam o sol e a lua:
chegou o tempo de um eclipse parecer uma promessa.