18 de março de 2024

(Para o Nuno Júdice)


 

Não podemos neste dia

escolher uma das tuas palavras,

um exemplar único dos teus poemas.

Seria dolorosamente curto,

exercício excessivo de razão deslocada.

Uma violência como preferir pai ou mãe.

Olhando-te, hoje, inteiro,

há uma expectativa na tua morte:

que venha a revelar-se a fonte bravia

dessa inteligência de ver o mundo

sem desfazer o mistério e a urgência 

de amar desmesuradamente

o que sobe o rio na margem oposta.

Que fique a trabalhar a terra o teu segredo.


(18-03-2024)

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