Não podemos neste dia
escolher uma das tuas palavras,
um exemplar único dos teus poemas.
Seria dolorosamente curto,
exercício excessivo de razão deslocada.
Uma violência como preferir pai ou mãe.
Olhando-te, hoje, inteiro,
há uma expectativa na tua morte:
que venha a revelar-se a fonte bravia
dessa inteligência de ver o mundo
sem desfazer o mistério e a urgência
de amar desmesuradamente
o que sobe o rio na margem oposta.
Que fique a trabalhar a terra o teu segredo.
(18-03-2024)
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