(lendo Rui Knopfli)
Hoje sonhei em braile.
Sonhei numa língua gestual para mim totalmente desconhecida.
Sem sons. Sem fala.
Não conseguia caminhar
E mesmo o esbracejar era lento e pesado.
Não conseguia atrair a mão nem o olhar
De ninguém. Havia um nevoeiro
Espesso como um cobertor molhado e frio
Separando os corpos como ilhas.
Tudo me prendia
A uma distância cinematográfica do comércio.
Entre os muros do momento presente,
Encontrei-me encalhado no país dos outros.
Os repórteres esperavam na beira da água
Pelas fotografias dos sobreviventes.
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