9 de maio de 2015

contra toda a evidência



Representar na tela
em curtas duas dimensões do mundo
todas as formas da matéria
os efeitos do seco e do húmido
e só com as tintas
os flocos de neve batidos no vento incerto
o brilho das sedas e dos olhos
as partes recônditas do mundo
o pêlo suave dos cães e perto
os cabelos afoitos das ruivas.

Transportar a vida do seu tempo
em sinédoque universal da espécie
o engano, a sedução, o desejo, a alegria
e o desvio.

E tudo isso poder o pintor
por não pintar a partir do ver
mas por saber.

E tudo poder o povo da cidade
por não governar de olhos ávidos de evidência
antes à escuta da diversidade imensa
do ruído imprevisto dos impossíveis.



(Madrid, 1 de Maio de 2015)

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